sexta-feira, 30 de abril de 2010

Fechar o livro

O fechar do livro. A história tem de ter um final e demorei tempo a mais a ler o último capítulo. Os motivos podem ser muitos mas eu sei que foi apenas um: eu não gostei do final e continuei a não o querer ler. Hoje li e talvez tenha que o reler até aceitar o final da história. Porque não é o final certo.

O novo livro vai ter nova história com personagens que desconheço. E a sensação é dúbia. Sinto a curiosidade de saber quem são, como são, o que fazem do mundo. Mas sinto o medo de não gostar. De me irritarem, de serem mesquinhos, de serem estúpidos. A história pode correr bem, mas também pode correr mal. Na vida real nem tudo tem um final feliz. E o príncipe encantado nem sempre é um príncipe. O Aladin fez-se passar por algo que não era. Mas eu quero viajar no seu tapete voador.

Talvez um dia venha a compreender porque o escrevi assim. Talvez a continuação da saga seja interessante e o objectivo final aconteça. Talvez algumas personagens se mantenham. Talvez as coisas façam mais sentido. E talvez os outros o consigam compreender. Ou talvez não.

Tenho livros favoritos. O que fechei é o meu. Aquele que vou guardar com carinho e amar as páginas gastas até ao fim dos meus dias. Mesmo que o final não tenha sido feliz.

sábado, 24 de abril de 2010

Minoria

Sempre a fazer os mesmos erros. Sempre os mesmos erros. Vezes e vezes sem conta.

Não é suposto aprender-se com o passado e reagir de forma a não errarmos da vez a seguir? Não é suposto mudarmos? Queria poder sentir-me mais forte, mas sou sempre tão fraca. Sempre tão sem forças para reagir contrariamente ao que quero e não quero. Porque eu quero porque sim e não quero porque não na mesma situação. Por muito que isso seja complicado de compreender, para mim isto é tão óbvio.

A situação repete-se. A mente divide-se em três: Duas partes que lutam e uma terceira que observa. Segue a batalha. Eu estou de fora e vou observando a luta em que uma vai ganhando sobre a outra. E vai ganhando quase sempre a que eu não quero. Chego ao fim e ficam as cicatrizes que tenho de tratar e com as quais não sei lidar.

A frustração aumenta. E continuo em minoria. Sinto-me sempre a minoria. Até dentro de mim.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Dilema


Perguntam-me porque penso tanto quando tenho que optar por algo e não faço simplesmente o que o coração manda. A resposta é sempre simples: o coração manda para duas direcções - a direcção que pensa nos outros e a direcção que pensa em mim.

Sinto-me constantemente dividida. Entre o fazer os outros felizes e fazer-me feliz a mim. Sempre que opto pelos outros sou infeliz, mas sempre opto por mim, magoo aqueles a que quero manter felizes.

Existe em mim a parte que me diz que nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Cá dentro somos só nós. Morremos quando não aguentamos mais o mundo que nos rodeia. Quando fazemos o que temos a fazer aqui. Quando aprendemos aquilo que queríamos, ou quando simplesmente decidimos que começámos com o pé errado e queremos recomeçar de novo. Partimos e voltamos quando quisermos.

Existe também em mim a parte que me diz que juntos somos um todo e só temos força se formos o todo. Esse "Eu" que me diz que tenho que dar um pouco da minha força àqueles que não a têm como eu. E que esse é um dos objectivos de estar aqui.

O "Eu" solitário é o meu egoísmo. Que quando satisfeito não me frustra nem me diminui. O "Eu" solidário é a minha essência. Que quando satisfeito me frustra por me ter diminuído a mim mesma. Durante muito tempo fui o meu segundo "Eu". Sempre a apagar-me de mim mesma. Deixando que os outros me ocupassem e me levassem na direcção que queriam. O meu primeiro "Eu" foi acumulando a frustração. Foi diminuindo o meu ser. Foi-me corroendo.

Sempre que optei por mim fui feliz e bem sucedida. Mas sempre que optei pelos outros acabei na frustração.

Tenho medo do escuro. Porque não sei onde vou bater nem quando. Porque não sei que paisagem me esconde. Mas é o escuro que mais me fascina. Porque enquanto por lá caminho vou encontrando as luzes que acendo pelo caminho e quando o quadro se ilumina dá-me a paisagem que procurava.

O meu dilema continua. Optar por mim e ser feliz (apesar de essa não ser uma certeza) ou optar pelos outros e saber que mais cedo ou mais tarde a frustração vai vir ao de cima e corroer-me apesar de por agora ser o que prefiro?

Sou uma faca de dois gumes. E tanto um como o outro me faz feridas. Resta saber qual dos dois tem mais probabilidade de sarar.


-:-

Não devia ter entrado neste barco. Porque os motores já estão ligados, vão içar a ancora, e eu preciso preciso mesmo de sair. Encontrei o meu.

domingo, 18 de abril de 2010

Problema de comunicação



Digo o que quero da forma que não devo. E não sei como é que o devo fazer. Já lá vão 25 anos disto.

Desde sempre que o sei: tenho um problema de comunicação. Mas esse não é o meu verdadeiro problema. O meu verdadeiro problema é: não sei como o resolver.

Podem-mo dizer as vezes que quiserem o "Não fales assim comigo!", mas a minha pergunta é sempre a mesma e a minha incredulidade perante esta afirmação acontece em mim sempre da mesma forma. Mas então como é que tenho que falar? A parte que mais me irrita é dizerem-me "Tens de fazer assim" e eu não conseguir distinguir aquilo que me disseram que deveria ter feito daquilo que eu fiz!

Não sou burra, não sou estúpida, não sou lenta! (Bom... por vezes preciso de uma melhor explicação, mas a verdade é que explicado bem uma vez, tá percebido!). E esta é uma coisa que eu ainda não consegui resolver! E depois o que me tira mais do sério, é saber que as pessoas que realmente me vêem como eu sou, que me compreendem à primeira, nunca levam a mal a forma como digo as coisas. E entendem sempre as minhas intenções nas coisas que digo!

Para quem não me conhece há uma coisa que têm que saber sobre mim: eu não tenho maldade. A pessoa pode ser extremamente cabra e falsa comigo, mas a verdade é que eu não lhe retribuo na mesma moeda. Não gosto dessa pessoa. Porque sim, posso ser uma boa pessoa, mas já deixei de ser parva! Mas vou sempre desejar é que seja feliz, que tudo lhe corra pelo melhor e que seja o mais longe de mim possível só para não me estragar os dias.

Por isso não me levem a mal se for bruta, se responder torto, ou se vos disser algo que pareça uma ordem. Eu não estou a ser antipática, eu não estou a chatear-me para sempre com vocês, nem estou a mandar em nada. Estou a ser despachada, estou a soltar uma frustração momentânea e estou a fazer um pedido rápido.

Cada vez me convenço mais que sou um alien. Mas já comecei a perceber que existem mais por aí. Ainda bem!

Soldier of love.

Não sei onde tenho o coração. Acho que o perdi ou fechei em algum sítio e agora não o encontro. Exactamente o que me acontece a tudo o que quero encontrar no meu quarto quando preciso e só encontro no único sítio onde não fazia sentido quando já não me faz falta. Quando o encontrar já não me serve.



quinta-feira, 15 de abril de 2010

Perco a fé.

Começo a perder a fé nas pessoas. Onde estão os bons? Aqueles que fazem e pensam em fazer o bem? As que têm valores? As simpáticas simplesmente porque sim? As que perdoam? As que amam? As que pensam nos outros e tentam a todo o custo evitar catástrofes?

Sinto-me num mar de gente que não é a certa para mim. Poucos me percebem, poucos não me julgam pelas minhas acções ou palavras quando essas não são feitas por mal, poucos tentam ser bons.

Sinto-me perdida no meio destas pessoas que não me servem. Sinto-me desiludida com o mundo. A verdade é que nunca me senti integrada. E isso magoa-me. Porque estes anos todos eu quis ser igual. E não consegui.

Mas depois eu sei que eu não quero ser igual. É aquela dualidade que faz de mim ser quem sou e quem eu sou. As duas faces da mesma moeda, de costas voltadas e exactamente do mesmo peso. Eu não quero ser igual. Eu não me sinto igual.

O meu problema, e eu até sei qual é, é que não quero estar sozinha. Daí a minha vontade de querer ser igual. Porque só sendo igual é que poderia não estar sozinha. Mas por não ser igual e não o querer ser, eu sinto-me feliz por não ter conseguido. Apesar do custo ser o estar sozinha.

Eu posso ser da velha escola. Mas sou da velha escola evoluída. E eu sei que isso é o que é correcto.

Continuo é a perguntar-me o mesmo: pergunto-me se sou eu que estou errada ou se simplesmente sou um alien e pronto. E acho que me fico por aí.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pés

Se o mundo fosse um lugar mais limpo andava descalça. Eu sou uma daquela minoria de mulheres que não morre de amores por sapatos.

São sempre demasiado altos, demasiado feios, demasiado apertados, demasiado brilhantes, demasiado berrantes, desconfortáveis, caríssimos, eu sei lá! Encontro milhares e milhares de razões para no fim gostar de apenas um par e não haver o meu número.

Chego a um ponto, em que escolho os que estão mais perto e pronto. Vão aqueles. E depois sofro.

Para mim o pé quer-se descalço. Em pedra fria quando está calor. Em meia antiderrapante quando está frio. Em alcatifa quando estão doridos. A flutuar na água quando estão cansados. A brincar com a areia quando estão de férias. Tanto faz! No fim a regra é só uma: querem-se sempre descalços.

domingo, 11 de abril de 2010

Mar, calma, vazio e solidão

Não queria o lugar fechado onde passo as 8 horas. Não queria as luzes, os cheiros, as pessoas, as más energias misturadas com as boas, simplesmente não queria. Virei onde não devia para seguir para onde queria.

Pelo caminho fui pensando no onde. Exactamente no onde. Já sabia do que precisava: mar, calma, vazio e solidão. Só me queria a mim. Antes de lá chegar encontrei no pensamento o sítio exacto e virei onde o tinha de fazer. Rotunda à segunda, semáforo à esquerda, semáforo a direita, esquerda novamente e o mar deparou-se à minha frente. Exactamente como eu pedi. Simplesmente bom demais.

Não era dia de ondas e mesmo que fosse onde estava, estava longe. O silêncio de um dia de Primavera imperou. Melhor não poderia ter sido, estava como eu o pedi.

Estacionei onde me apeteceu. Pensei que fosse encontrar mais carros, mais pessoas, mais confusão. Mas encontrei o meu vazio, a minha linha do horizonte onde nada me atrapalhava o campo de visão, onde não havia mais ninguém! Como eu pedi.

Tirei o saco do almoço, os óculos de sol e os sapatos. Muito sol a bater no carro, mas duas janelas abertas deixavam passar o vento leve que me refrescava. Preparei tudo bem preparadinho, e comi. Chegaram dois carros que tão depressa chegaram como tão depressa levaram as pessoas para longe. Incomodaram-me por momentos, mas satisfizeram-me ao partir. Continuei comigo mesma a sentir o sol.

Ao Domingo não tive a opção de almoçar com a família. E em substituição só este poderia o cenário ideal. Com a única companhia que eu poderia aceitar em seu lugar. E comportou-se exactamente como eu pedi.

*esta é minha!

sábado, 10 de abril de 2010

Cansaço

É os pés, é as pernas, é as costas, é os braços, é a cabeça... Enfim... É tudo! Cansaço de cima a baixo!

Não preciso de férias preciso é de energia. A que tenho não me chega. Ou então de uma massagem de corpo inteiro. Principalmente aos pés. Iria saber mesmo bem. Não encontro é voluntários.

Mas depois deste cansaço todo vem o pensamento que para muitos não faz sentido mas para mim faz: prefiro assim. Estar cansada por me mexer. Já estava farta do cansaço de não fazer nada. Traz com ele o pensamento de nos sentirmos inúteis.

A acrescentar, só queria algo para me sentir bem. O meu espaço. Com a minha janela, o meu sofá, a minha mesa e a minha chávena com o meu chocolate quente ou o meu chá. Sabe bem ter tudo feito mas preferia ter-me só a mim. Agradeço do fundo do coração mas estou cansada de ser fardo para quem me carrega há demasiados anos. Mas há-de vir. E há-de ser assim.


sexta-feira, 9 de abril de 2010

Perfeito.


O dia de hoje é isto. Pegar num livro, escolher o silêncio e sentar onde for confortável. Sem ninguém para fazer perguntas. Sem ninguém para incomodar. Só comigo.

De preferência perto de água. Mas sem ondas barulhentas. Preciso da calma. Do silêncio. Da natureza em harmonia. O mar serve quando está tranquilo.

Sem calor, sem frio. Sem vento. Assim, longe do mundo.

Simplesmente perfeito.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Lar de vazio.

Nunca pensei que o peso fosse tão grande. Que o vazio fosse tão forte. Que as almas esquecidas do mundo fossem tantas.

Ia preparada para o que ia ver mas não pensei que a imagem fosse tão triste.

Pensei que um lar de idosos pudesse ter um pouco mais de vida. Pensei que houvessem alguns moribundos perdidos pela sala mas que a maioria se entretivesse com algo. Com jogos, com conversas, com televisão. Mas que se entretivessem com algo.

As cadeiras são sempre muitas e o espaço é grande demais para o vazio das almas que lá se encontram. O tempo passou e levou com ele a capacidade destas pessoas de se moverem, a capacidade de conversarem, a capacidade de terem vontade de viver. Estas pessoas esperam. Esperam pelos amigos que não vêm. Esperam pela família que chega aos poucos e raramente aparece. Esperam por um momento de conforto, um sorriso, uma novidade. Sentam-se, aconchegam-se e esperam.

Eu tentei trazer um pouco de luz. Um sorriso afável. Um "Boa tarde" sentido. Tanta gente. Tantos rostos. Tantos corpos sem força. Tantas almas perdidas. Tantos lugares vazios.

A mim deram-me um sorriso. Uma conversa desproporcionada mas que me deu uma imensa alegria apesar da tolice que foi dita. E espero que tenha dado um momento de satisfação no entretanto.

Num lar de idosos, o sentimento que encontrei foi o da espera. Eles são muitos e esperam. Agarram-se ao silêncio e esperam que o tempo passe e o descanso eterno chegue.



Entrei pelo átrio com a minha avó pelo braço. Do lado direito encontrei 9 cadeirões distribuídos em filas de 3.
Virada de frente para mim, com um andarilho e os seus pertences, encontrava-se uma senhora a ocupar uma das poltronas. Achei-a bonita. Cabelo cor de neve, olhos de uma cor que o tempo foi apagando, e a pele enrugada da face esguia demonstrava uma idade generosa. No entanto parecia ter um ar extremamente infeliz.
- Boa tarde - dissemos as duas quase em uníssono, para o todo que era a sala, mas principalmente para a senhora.
Olhou-nos como quem tenta perceber quem é e a expressão desolada desapareceu para nos entregar o sorriso mais sincero que alguma vez vi.
- Boa tarde! - respondeu alegremente numa voz jovial. Olhando para mim exclamou - Ah! A menina está cada vez mais bonita!
Um "Obrigado!" divertido saiu-me pela boca. Apanhada de surpresa, aquele momento trouxe-me uma alegria instantânea pois nunca tinha vindo a este lugar. - Até já!
Virámos à nossa esquerda para aquela que é a sala de estar e o meu ânimo esmoreceu por momentos. Algumas dezenas de cadeirões cinzentos encontravam-se espalhados naquele espaço amplo. Metade vazios. Metade cheios. De pessoas a quem a idade tirou tudo menos a vida. Pessoas essas que observavam quem chegava e se sentiram esperançosos por um momento demasiado curto de que essa novidade viesse à sua procura.
Decidida a manter o ânimo do primeiro "encontro" fui passeando o olhar pela sala e soltando um "Boa tarde!" sorridente a quem o quisesse receber.
Não encontrámos de imediato quem procurávamos. Confesso que nem conseguia encontrar na memória a cara do velho amigo da família. Esperava já encontrá-lo no seu pior.
Perguntámos a uma das assistentes.
- Está a lanchar, vão ter de esperar.
Voltámos para trás decididas a esperar no átrio de entrada. Ao menos ali o momento tinha sido alegre e ainda se conseguia respirar sem esforço.
No caminho reencontrámos a minha amiga. Passinho a passinho, encostada ao seu andarilho, vinha decidida e ao olhar para nós voltou a recuperar aquele sorriso enorme.
- Vou lançhar! - disse-nos alegremente.
- E faz você muito bem. - respondi-lhe
- É a sua mãe? - perguntou-me olhando para a minha avó.
- Não, não! É a minha avó!
- Ah! É que é tão bonita... Mas a menina é linda!
Sorri de satisfação. Não pelo elogio em sim. Mas pela espontaneidade do mesmo. Nunca elogios me souberam tão bem como este.
- Ah muito obrigada!
- A sério! Parece a princesa de Inglaterra!
Soltei uma gargalhada. - Oh que bom! Obrigada!
- Sabe, - volveu - este casaco era dela, da princesa. - disse apontando para um casaco creme pendurado em cima do andarilho. Engraçado como tinha ali todos os seus pertences: um casaco, uma pequena manta preta, e uma pequena malinha cheia de coisas. E continuou - Trouxe a minha sobrinha, que trabalha lá numa empresa, não sei bem, e foi lá, e conheceu a princesa e trouxe este e outro que tenho guardado no quarto. - E voltou a sorrir o mesmo sorriso sincero de satisfação.
- Ah muito bem, é muito giro sim senhora.
- Mas pronto, agora tenho que ir lanchar antes que voltem a ralhar comigo. Sabem, não tenho muita fome, comi muito bem ao almoço, mas sei que tenho que comer qualquer coisinha agora. Vou beber um chá! Até logo, gosto em vê-las.
- Então até logo, bom apetite. - respondi-lhe.

Senti-me feliz. Por este momento o dia valeu a pena. Nunca um elogio me soube tão bem na minha vida.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Apetece-me.

Apetece-me conhecer-te. Dar-te espaço para veres o meu mundo e poder perceber como é o teu. Estes espaços que nos separam e os olhares que se cruzam dão-me azo à imaginação e já não sei o que fazer com ela.

Apetece-me saber quem és. Conhecer o teu nome, saber o tom da tua voz e ouvir o teu riso. Saber se és ainda mais belo quando sorris. Porque de longe não te percebo.

Apetece-me partilhar um gelado. Passear à beira mar enquanto conversamos sobre o mundo e sobre nada e sobre tudo e sobre ti e sobre mim e sobre a vida. Perceber se me completas e se sim se me completas como o quê. Se és conhecido, amigo, ou amante, ou amor ou simplesmente um passageiro.

Apetece-me descobrir-te. Sair do meu refúgio e enfrentar as ondas do inseguro. Sair do meu abrigo, sair da minha cela e perder-me numa selva que desconheço. Sentir o que já não sei sentir porque não quero cair nos mesmos erros e nas mesmas falhas. Sair do meu medo e partir à procura de sonhos que deixei cair no esquecimento e em desuso.

Apetece-me dizer-te olá. Mas depois retrocedo. E então o que me apetece é ficar no meu canto e deixar-me estar quieta.


terça-feira, 6 de abril de 2010

Egoísmo.

Continuo a não me saber perdoar a mim mesma. Talvez tu me tenhas perdoado já, mas eu, a mim, ainda não me perdoei.

Não tinha outra forma de errar. Aquela foi a única altura certa, o único momento para o poder fazer. Mas magoar-te, ter de ser eu a fazê-lo, dói-me ainda hoje com a mesma intensidade com que me doeu naquele dia. Já me "desfiz" de ti há tanto tempo e ainda te sinto tão meu.

Tenho ainda aquele medo que me consideres egoísta. Que acredites que apenas pensei em mim, quando na verdade não foi assim que aconteceu. Sim, pensei em mim. Naquilo que queria experimentar, naquilo que queria conhecer, naquilo que queria viver. Mas conheces-me bem. Sabes que se fosse por puro egoísmo não o teria feito. Se me conhecesses mesmo, saberias que não faço nada por egoísmo puro. Ou o faço porque a pessoa merece que o faça (e tu não o merecias) ou o faço porque acredito que aquilo é também o melhor para a outra pessoa.

Eu pensei em ti. Por muito que não o aceites, por muito que não o acredites eu fi-lo por ti. Não quis apagar-te de ti. Não quis que te destruísses para seres algo que não eras. Não quis que criasses um monstro que te iria corroer até não aguentares mais. Porque sim, no hoje as coisas poderiam até ser perfeitas. Mas no amanhã ou no depois ele iria consumir-te.

Eu pensei em ti. Pensei nos teus sonhos, nos teus ideais, na tua forma de seres tu. Tu não tinhas de ser aquilo que eu queria que fosses para poderes continuar comigo. Tu ias mudar tudo para seres meu. Era uma prova de amor. Sei que era a tua mais pura prova de amor. Sei que me querias para sempre. Sei que eras o meu príncipe. Mas eu não te queria fazer a sofrer aos poucos.

Tu sabes que eu parto. Que eu vou, eu volto, eu vou para onde for sempre que puder ir. A minha alma é nómada e eu não quero parar por agora. Preciso de ir à procura do meu alimento, da minha novidade, da minha aprendizagem. Preciso de me sentir livre. Conhecer o mundo. Conhecer as pessoas. Aprender a ser diferente.

E sabes que te amei. Mais do que alguma vez imaginei. Sabes que te queria. E espero que nunca duvides disso. Porque mesmo quando me perdi de mim, eu te amei.

E a razão pela qual hei-de partir é por saber que foi esse o real motivo pelo qual te afastei de mim. E enquanto não chegar ao meu destino não te vou querer esquecer.

Ainda hoje sei que foi um erro. Ainda hoje sei que não te vou esquecer. Mas de uma coisa eu tenho a certeza. Egoísmo não foi.