terça-feira, 15 de junho de 2010

Faca de dois gumes


Deixas-me a pensar. Se devo se não devo. Se quero, se não posso.

Desconheço o caminho que me penso atravessar e duvido se o quero. Mas normalmente a curiosidade é tão mais forte...

No entanto tenho medo.

Estou farta do arrependimento, do inseguro, da não certeza de mim. Estou farta do querer voltar quando já não há marcha atrás.

O destino proporciona-nos coisas a que não nos esperávamos deparar. O destino ou outra coisa qualquer que nos leva onde chegamos todos os dias. Mas seja o que for, surpreende quando menos esperamos, dá-nos o que procuramos quando menos precisamos e faz-nos escolher quando não queremos mudar. Sinto-me numa faca de dois gumes. E vou-me cortar de um lado ou do outro.

Acho que a opção em tudo na vida acaba por ser sempre só uma. Temos que escolher o corte menos doloroso. Agora só me resta perceber qual deles é qual.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Turbilhão


O instante é aquele ponto do tempo que nos troca as voltas e nos faz repensar em tudo. Sinto-me como se o tempo me tivesse dado o instante perfeito e no entanto não o aceito como ponto de viragem.

A poeira tem de assentar antes de podermos ver a paisagem com clareza e definição. Hoje sinto-me acordar de um sonho pois a realidade é demasiado fictícia para poder ser de facto realidade. O ontem está tão perto e no entanto nem parece ter sequer existido.

As emoções rebolam em turbilhão e não sei o que sentir. Quero abraçar o corpo mas acho que sei que a metade não é a minha. E quero conhecer o mundo mas não sei se quero fazer parte dele. Ser espectadora é tão mais fácil e acarta tão pouca responsabilidade. E não quero mais ser responsável por maus momentos. "Magoar" é a palavra que quero erradicar do meu dicionário. Cortar pela raiz e não deixar mais crescer no meu jardim.

A distância entre o céu e o inferno é demasiado curta e o caminho demasiado rápido. A descida mata-nos o bom que antes tínhamos e a subida faz-se sem poder apreciar. Quem dera que o tempo fosse maior e a distância menos larga.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia da mudança.


Evado-me do espaço para encontrar o que não perdi. Porque afinal, o que seria do tempo de não fossemos feitos daquilo de somos?

O sentido existe e no entanto é tão real, tão puro, tão meu. As palavras são apenas esboços daquilo que quero dizer, nunca suficientemente profundas para ilustrar a paisagem, nunca suficientemente fortes para demonstrar o amor que vai cá dentro, a dor que se me entranha pelos poros não fechados e se evapora quando lhe apetece.

Hoje é dia de não amar. Dia de não querer. Dia de chocolate quente para aquecer a mão fria. Hoje é dia de encontrar o bem que há em mim e transformá-lo em paz de espírito. Aquilo que os outros dizem já não o quero, já me chega, já me fartei. De qualquer forma eles não vêem a luz.

Hoje é dia. Finalmente dia da mudança. Somos feitos de um pó que desconhecemos, um corpo que não é nosso e uma alma que ignoramos. Aproveitemos enquanto é tempo. Porque o amanhã chega depressa e o ontem já se foi.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Burros.

Tenho a cabeça feita em água. As mudanças em que quero acreditar não se fizeram, e continuo a ser a podridão que me vêem e não existe em mim.

Todos fazemos erros. Todos cometemos loucuras, todos passamos por fases estúpidas, que nos fazem passar de um estado menos bom para um estado melhor. Ainda estou a recuperar da minha, mas aos poucos a minha essência volta a ser a minha essência, e aquilo que sou volta a ser eu. Mas para todos os outros que não têm luz, que não vêem com olhos de ver, continuo a ser um monstro.

Bem sei que não têm a capacidade de ver. Bem sei que não têm a capacidade para perceber. E tenho pena porque vejo neles o potencial e não os consigo iluminar. E alguns não o têm mas mesmo assim sinto-me frustrada por não os conseguir ajudar.

Nos dias de hoje continua a fazer-me confusão como a diferença de classes é tão forte e separa tanto as pessoas. Chamem-me de hipócrita, chamem-me de mesquinha, chamem-me o que me quiserem chamar, mas a verdade é pura e é apenas essa. Há um fosso entre os que estudam e os que não estudam. Há um fosso entre os que se aplicam e os que não se aplicam. Há um fosso entre pessoas que não passam pelo mesmo tipo de experiências durante a vida. Não é uma questão de inteligência. É uma questão de esperteza, de trabalho e de esforço. É uma questão de sacrifício e uma questão de bondade.

Há dias em que me sinto completamente frustrada e desamparada. E chamem-me o que quiserem. Mas a verdade é que há dias em que me apercebo que sou demasiado inteligente e iluminada para lidar com esta gente.