Só não sou poeta porque não me deixam. Mas sou o que quiser, dizem-me. E eu, sei lá, finjo que não os vejo e que a culpa é do mundo quando na verdade é apenas minha porque fico calada.
Deixem-me voar!, grito aos ventos e aos céus. Ah, mas as asas não crescem porque não as cultivo. E eu, sei lá, acredito no que me dizem e calo-me porque às vezes mais vale não falar.
Mas depois há aquele dia em que rebento e puff! há bocados de mim por todo o lado. E o mau feitio até pode ser meu e ser muito, mas o defeito foi dos outros. Da reputação é que ninguém me livra e eu só exprimi o que todos os outros retraem.
Chamem-me de estranha. Chamem-me de tudo o que vos passar pela cabeça. Há coisas que não vou admitir e como vocês não percebem que a vossa liberdade acaba quando chegam ao limite onde a minha começa digam o que quiserem. Quando um dia eu estiver no céu e vos cair em cima da cabeça não me venham chorar à chuva a pedir-lhe que me deixe voltar.
Para além de tudo isto, flores e amor? Dão-se em vida. Quando as pessoas morrem elas deixam de poder agradecer.
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