sexta-feira, 6 de maio de 2016

Caraças.

Está quase. Duas semanas. Duas semanas que nem vou ver passar.

Deixei tudo para a última como é habitual e às 3:30 da manhã ainda não tenho tudo pronto para sair. Mas estamos quase.

Sentei-me dois segundos e pela segunda vez esta noite volto a lembrar-me de que vou voltar à base. Mas pela segunda vez volto a lembrar-me que não vais lá estar. E aquele semi-esquecimento passa a ser sentimento vivo que mói e mói com força. Porque estou longe e longe uma pessoa vive outras coisas e esta realidade, para dizer a verdade, não mudou.

Duas semanas. Mais duas semanas das quais já não fazes parte da mesma forma. Existes em algum lugar, tens de existir, mas não vais estar lá na mesma forma... E vais-me fazer-me falta, tanta falta. A mim e a todos. Mas faz-nos sorrir mais que chorar sim?

Sei que vais partir uns copos, ou fazer cair uns mini-troncos de uma árvore só para assustar. Sei que me vais dizer ao ouvido que "a tua sobrinha é um espectáculo". Mas não vai ser a mesma coisa.

Segunda volta tudo a ser mais próximo e a lembrança de que não existes, que existe sempre lá no fundo do pensamento, vai voltar a doer com mais força. Mas é a vida tio. Nós somos fortes e a vida continua para os que cá vamos ficando. Sentimos a falta mas sabemos a sorte que tivemos de teres sido um de nós.

Agora ai de ti que não apareças. Saudades muitas. Gosto de ti. 

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Fazes falta

Mais um mês.

Não passa um dia 9 que não me lembre. Eu que nunca sei a quantas ando, não conto os dias, esqueço os aniversários e as datas importantes, e no entanto não passa um dia 9 que não me lembre.

E dia 9 era um dia tão bom, tão cheio de alegria. Era dia do meu outro tio, e dia do meu priminho. E agora ainda é, mas já não é. A dor é sempre mais forte.

Fazes falta. Fazes tanta falta.

Estou longe, nem sempre me lembro, porque já era assim, quando se está longe nem sempre nos lembramos. A vida corre com outros fogos para apagar, outras pessoas para apoiar e quando se está longe nem sempre nos lembramos.

Mas não me esqueço. E quando me lembro fazes falta. Fazes mesmo muita falta.

Há tanta coisa que eu quero mudar e já não posso.

Já não posso voltar atrás e certificar-me de que te disse que gosto de ti quando me despedi naquela última noite. Porque tenho a certeza que o pensei, mas não tenho a certeza se o disse. Já não posso voltar atrás e tirar aquela última selfie no sofá que vai ser para sempre a nossa última memória. Já não posso voltar atrás e marcar o casamento para Setembro. Já não posso voltar atrás e ir ao batizado do Luís Simão. Já não posso voltar atrás e conversar contigo no dia do meu aniversário. Nem jogar um último jogo de Party & Company onde faças batota e me ponhas a chorar de raiva. Já não posso tio. Já não posso.

Vou casar tio. Tu sabes disso e não vais lá estar no teu corpo. Sei que vais lá estar, mas não é a mesma coisa. Tenho de me habituar à ideia porque as coisas são como são e não há nada a fazer.

E eu que marquei tudo tio... Marquei tudo e estava a planear tudo para te impressionar. Ansiava por aquele momento em que me ia aproximar de ti no copo de água ou já na mesa e ias dizer "A minha sobrinha é mesmo um espectáculo! Já viram esta festa? Tá mesmo uma coisa fora de série não está? A minha sobrinha é um espectáculo... Sai mesmo ao tio!"... Estava a planear tudo, os detalhes todos e ansiava mesmo por esse momento. De tudo o que quero que corra bem nesse dia, ouvir-te dizer isso era o que eu mais queria.

De todas as partidas que nos pregaste esta foi a maior de todas. E eu sei que não tens culpa. O teu corpo falhou-te. Eu sei que não querias, simplesmente o teu corpo falhou-te e as coisas são como são e não há nada a fazer.

Mas fazes-nos falta tio. Fazes-me tanta fala. 

sábado, 30 de janeiro de 2016

Posso não ser magra

Se calhar isto de aceitar melhor o nosso corpo vem com os 30. Mas honestamente sinto-me bem na minha pele.

Ajuda o não ir a lojas de roupa e a roupa que tenho ainda me servir. Acho que se passasse mais tempo a olhar-me ao espelho via mais defeitos. Ajuda o não ter os irmãos a dizer que estou gorda todos os dias. Ou o ter amigas que se sentem bem na sua pele e não dizem o quão gordas estão (mas não estão) todos os dias. Tudo isso ajuda.

Mas a verdade é que olho ao espelho e aprecio o meu cabelo, os meus olhos a minha cintura, o rabo e os sapatos. É raro olhar pra as ancas, para o peito e aprendi a olhar para além das borbulhas na cara que teimam em não desaparecer.

Mas aprendi a gostar de mim. Aprendi a "esconder"os defeitos e a tirar partido das virtudes.

Ajuda ao ego o viver num país onde as mulheres tendem a ter outro tipo de corpo. No geral têm boas pernas mas não têm cintura. Eu tenho uma óptima cintura mas depois tenho aquele bocadinho de anca a mais. Mas acho que o segredo é mesmo apenas esse: aprender a tirar partido das melhores partes do nosso corpo. Elas podem usar mini saias, eu não posso. Ou posso mas não quero porque não me fica bem e eu não gosto de ver.

Não vale a pena comprar um vestido de alças. Tenho peito a mais.
Não vale a pena comprar uma saia até aos pés. Fico super atarracada, sem jeito.
Não vale a pena comprar roupa que não me favoreça. Simples.

Mas vale a pena comprar um vestido que me realce os ombros, a cintura e me disfarce um pouco as ancas.

Há lojas onde encontro calças que me servem. Nem tudo me cai que nem uma luva, tenho sempre de usar cinto, mas há cintos tão giros! Fico giríssima de vestidos à anos 50. Fico super jeitosa num vestido justinho que me assente justo por baixo do peito onde sou magrinha.

E não, não sou magra. Visto um 42 nas calças (que soa muito melhor em tamanho 12-UK) e sou um 40 em vestidos (que soa tão melhor em tamanho 10-UK). Tenho a tendência para caber bem em M e há roupa que me fica melhor em L.

Não, não sou magra. Se quero emagrecer um bocadinho para me sentir melhor na minha pele e ficar mais elegante em bikini? Quero. Mas não faço dietas nem loucuras estúpidas, nem me vou medir pelo peso na balança. Quero mas só se isso me fizer de facto mais feliz.

Posso não ser magra, mas honestamente acho-me jeitosa. Não porque tenha tudo no sítio certo, porque não tenho, mas porque aprendi a vestir o que me fica bem e a não ligar ao número que vem na etiqueta.

Porque eu não sou um número. E não há nada mais elegante do que alguém que vive bem na sua pele independentemente do número que veste.


sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Simplesmente não dá

Às vezes não dá. A mente não deixa e vai tudo abaixo.

É uma luta constante. Contra a razão e a vontade e a inércia e a preguiça. Às vezes não dá. Sei a teoria toda, sei as regras, conheço as linhas... Mas às vezes, tantas vezes, vezes demais até, simplesmente não dá.

Estou sempre deserta para ajudar os outros e não me consigo ajudar a mim primeiro.

Dizem-me: "Ignora". Mas eu não consigo.
Dizem-me: "Esquece". Mas eu não consigo.
Dizem-me: "Esforça-te". E eu não consigo.

Quer dizer, eu sei que consigo. Mas há tantos anos que me digo que não, que é difícil aprender a dizer que sim, que eu consigo. Porque depois vem a preguiça e a preguiça diz-me: "tu não queres". E eu quero! Mas o corpo não obedece. O corpo luta contra mim. E é uma luta constante, mas tão constante.

Às vezes ganho. E quando ganho, ganho aos pontos! Por muitos! Mas a maior parte das vezes perco. E isso ata-me ao chão, prende-me as pernas, põe-me pesos nos pés.

Às vezes simplesmente, e por muito que no fundo haja uma voz que diga "Eu quero", os demónios ganham todos. É uma luta constante. E simplesmente não dá.


Roubei daqui.